Da alma pro corpo, com Camila Martins

julho 11, 2017 0 Comments


Não há quem diga que a dança não é Arte. Porém, há quem diga que dançar não é bem uma profissão. Atualmente, passamos por uma gigantesca crise cultural, não por que o homem brasileiro perdeu o interesse em fazer arte, mas sim por que ele perdeu o interesse em ver a arte que já foi feita. Não há, em momentos atuais, maiorias que procuram pela arte incessantemente.



A dança pode ou não ser acompanhada de uma música, mas ela sempre vai passar uma sensação, um sentimento. Afinal, a dança é nada mais que a expressão corporal dos sentimentos mais profundos


Eu, particularmente dizendo, tenho grande paixão pela dança como forma de expressão e também como forma de lazer. Creio que a dança tem uma grande ação no corpo e mente humana, libertando qualquer tipo de preconceito, assim como qualquer outra parte da arte. Atualmente tenho apreciado diversos vídeos com coreografias sul-coreanas, das quais não me canso de dar um repeat.

Chamei uma amiga, que trabalha e estuda a dança a fundo e fiz a ela algumas perguntas.

Primeiramente, fala um pouco sobre você e como você decidiu seguir essa carreira, conta um pouco da sua experiência.

Eu me chamo Camila, tenho 21 anos e entrei na licenciatura em dança na UFRGS com 18 anos. Eu fazia dança na escola desde meus 10/11 anos, eu nunca decidi que iria cursar dança até ter passado no vestibular. Eu fiz o vestibular como teste, pra saber como era e escolhi a opção dança pois era a única opção de curso que me agradava, eu passei na prova e fiquei. Minha experiência no início do curso foi muito boa, na UFRGS o primeiro semestre em dança é cheio de disciplinas práticas mas também existem as disciplinas teorias que mostram como o curso é e para o que serve, então da pra ter uma visão do que nos espera ao longo dele. E também existe o fato de que além de mim, alguns outros amigos entraram no curso o que me deu mais segurança.
Na sua opinião, qual a importância da dança na arte e na sociedade atual?

A dança tem um grande papel na educação. Eu dou aula pra crianças pequenas e tento passar para eles conhecimentos que se aplicam para além das nossas aulas, para a vida deles em sociedade. Eles aprendem por exemplo, a questão de respeito com o corpo do outro, sempre que possível falo para eles a importância do consentimento antes de tocar em alguém, seja em uma atividade de pares, seja nas brincadeiras entre eles, deixo muito claro que é importante que o colega tenha se deixado tocar. O respeito com o diferente também é uma questão trabalhada, seja uma dança diferente, um colega diferente, uma música diferente, sempre mostro que ser diferente é bom, que não tem nada de errado e que podemos aprender com isso. Também falo do empoderamento negro, das pessoas LGBT+, de uma forma simples e que eles entendam, principalmente por eu e minha dupla e amiga sermos mulheres negras e LGBT.
Sem contar toda a questão cognitiva e motora, que ajuda a criança, e futuramente o adulto, a ter um maior entendimento sobre o seu corpo o tudo que o engloba.
Qual o seu estilo de dança favorito e por que você se identifica com ele?

Eu me identifico muito com as danças urbanas no geral. A minha experiência antes da faculdade é totalmente em danças urbanas e mesmo com as experiências que o curso proporciona de outros estilos de dança as urbanas continuam a serem minhas favoritas. Eu gosto da movimentação e de como as urbanas parecem estar mais próximas do “popular", sendo possível e acessível para todo o tipo de pessoas.
Como é trabalhar com a dança? Era como você imaginava desde o começo?

Trabalhar com dança é mais difícil do que se imagina, existem muito mais coisas a se pensar além do mexer o corpo. Existe uma preparação anterior a isso, tanto pra quem dá aula quanto pra quem faz. Eu tive uma única experiência de trabalho, como auxiliar administrativa, antes de começar a dar aulas e foi bem difícil. Quando eu comecei a dar as aulas de dança, pelo PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, que oferece bolsas de iniciação à docência) foi maravilhoso. Foi difícil claro, eu dou aula pra crianças e eu nunca tinha tido experiência com sala de aula e crianças, mas como as aulas são dadas em dupla eu tive um tempo da adaptação antes de, de fato dar aulas. Eu sempre muito clichê quando as pessoas falam que trabalhar com algo que você goste faz toda diferença, mas a verdade é que faz sim. Mesmo com todo o estresse e cansaço que dá às vezes eu ainda acho que fiz a escolha certa.  
Qual a melhor e a pior coisa em ser professora e aluna de forma simultânea?

Acho que a pior coisa é que a maioria dos meus professores da licenciatura nunca deram aula pra crianças e acabam por dar aulas seguindo uma idealização sobre o assunto, que às vezes não é a realidade e bem se parece com ela. E a parte boa é seguir estudando ao mesmo tempo que dou as aulas, eu sigo me renovando, ser professora exige que a gente sempre esteja aprendendo coisas novas, tanto na universidade quanto com meus alunos.
O que é a dança pra você?

Acho que essa é a pergunta mais difícil​! A dança pra mim é libertação, é arte, é educação. Libertação porque quando eu danço consigo me libertar de todas as minhas preocupações, minhas amarras. É arte porque tem sentimento, porque é pra todos, a dança é muito diversa e tem algo para todo o tipo de pessoa. Arte pra mim é algo que tem o poder de chegar e tocar todo mundo e todo lugar. E educação porque promove diálogo e respeito, e acho que isso são coisas de total importância. E é claro, dança significa pra mim a celebração, de qualquer coisa ou nenhuma em especial.

Como um encerramento, poderia dizer algo pra alguma pessoa que tem o desejo de cursar Dança mas se encontra com medo, por conta da desaprovação dos pais ou medo por conta de ser algo que, infelizmente, é totalmente desmerecido?

Eu sempre tive o apoio da minha família sobre a minha decisão de trabalhar com dança, então não posso saber o quão difícil é lidar com o fato de existir uma resistência, mas se é o que você quer siga nisso, corre atrás porque a gente só vive uma vez e devemos ir atrás do que nós fez realmente feliz. É totalmente possível a dança como profissão e garanto que, caso você desista, vai ser melhor saber que você tentou do que passar toda uma vida imaginando como seria.

Mas também saiba que não é fácil, já que a dança, como profissão, muitas vezes não é levada a sério​ e a situação em que o governo tem educação dificulta. Mas os artistas em geral são pessoas batalhadoras, que sabem sobreviver e transformar em melhor todas as situações.


Concluindo este post por aqui, espero realmente que tenham gostado e se divertido lendo e vendo os vídeos, ouvindo as músicas e apreciando a arte. Agora, eu tenho uma pergunta pra você: Se você decidisse fazer uma coreografia, pra expressar seus sentimentos em relação ao mundo, sobre o que você faria?

Jho

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard. Google

0 comentários: